2010-02-04

Postais: O Cerco – Centenário da Criação do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (03)

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A contar da esquerda: 1º (de pé) Souza Júnior | 3º (sentado) Ferrand | 4º (sentado) Ricardo Jorge | 5º (sentado) Albert Calmet | 6º (sentado) Câmara Pestana | 7º (de pé) Balbino Rego

 

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Porto – Laboratório Municipal – Peste 1899

 

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Ricardo Jorge com Balbino Rego, Souza Júnior e peritos indicados pela Vereação do Porto.

 

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Porto- Peste 1899. Dr. Ricardo Jorge no laboratório.

O Cerco

Há precisamente cem anos a cidade do Porto, ao ver desencadeado o último surto europeu de Peste Bubónica, a partir de um caso na Rua de Fonte Aurina, viu-se arrastado para uma das suas maiores crises de identidade. Desse momento difícil, causado mais pelo isolamento criado pelo cordão sanitário e pela humilhação da sua autonomia e direitos que pela virulência da epidemia, destacar-se-ia a notável intervenção do Dr. Ricardo Jorge (1858-1939), chefe do Laboratório de Higiene Municipal, que identificou a doença com espantosa antevisão, e a consequente criação do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

Quando Ricardo Jorge nega a versão, avançada com a primeira morte, de se tratar de uma variante sazonal epidemia de tifo de Verão, identificando a peste bubónica, acorrem ao Porto especialistas em parasitologia e microbiologia de todo o mundo. Trabalhando com Ricardo Jorge, o médico Câmara Pestana é contagiado e morre. A Junta Médica resolve então criar um cordão sanitário, em volta do Porto, e inicia-se um enorme esforço de desinfecção, nomeadamente nas “ilhas” onde aparentemente, os casos se afirmam. Para tornar o caso mais polémico poucos médicos concordam com a identificação da peste e desenvolviam-se reuniões de protesto e entrevistas na imprensa que criticavam o veredicto de Ricardo Jorge.

Estas são imagens do fotógrafo portuense Aurélio da Paz dos Reis, conhecido militante republicano, especialista em reportagens de rua, informais e autênticas, testemunho valioso dos finais do século XIX. As imagens médicas são da autoria do Prof. Plácido da Costa e Agnelo Pereira. Tornam claro o esforço e responsabilidade da equipe internacional liderada por Ricardo Jorge, a desolação causada pelas intervenções de desinfecção nas “ilhas” e a indignação da sociedade comercial, reunida na Bolsa, para reclamar do Governo contra as medidas de isolamento que o cordão sanitário significava e que causavam a estagnação e o retrocesso da vida económica da cidade.

M. do Carmo Serén

Série: Postais. O Cerco. Centro Português de Fotografia.

Porto. Portugal. peste epidemia. doença. fotografias. história.

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