2011-08-12

Para os apreciadores de um bom vinho

Para os apreciadores de um bom vinho.

Consta que, certa noite, anos atrás, um homem entrou com a namorada no restaurante Lucas Carton, em Paris,

e pediu uma garrafa de "Mouton Rothschild", safra de 1928.

O sommelier, em vez de trazer a garrafa para mostrar ao cliente, traz o decanter de cristal cheio de vinho e,

depois de uma mesura, serve um pouco no cálice para o cliente provar.

O cliente, lentamente, leva o cálice ao nariz para sentir o aroma, fecha os olhos e cheira o vinho.

Inesperadamente, franze a testa e, com expressão muito irritada, pousa o copo na mesa, comentando rispidamente:

- Isto aqui não é um Mouton de 1928!

O sommelier assegura-lhe que é. O cliente insiste que não é.

Estabelece-se uma discussão e, rapidamente, cerca de 20 pessoas rodeiam a mesa,

incluindo o chef de couisine e o gerente do hotel, que tentam convencer o intransigente consumidor

de que o vinho é mesmo um Mouton de 1928.

De repente, alguém resolve perguntar-lhe como sabe, com tanta certeza, que aquele vinho não é um Mouton de 1928.

- O meu nome é Phillippe de Rothschild, diz o cliente modestamente, e fui eu que fiz esse vinho.

Consternação geral.

O sommelier então, de cabeça baixa, dá um passo à frente, tosse, pigarreia, bagas de suor escorrem da testa e,

por fim, admite que serviu na garrafa de decantação um Clerc Milon de 1928, mas explica seus motivos:

- Desculpe, mas não consegui suportar a idéia de servir a nossa última garrafa de Mouton 1928.

De qualquer forma, a diferença é irrelevante. Afinal, o senhor também é proprietário dos vinhedos de Clerc Milon,

que ficam na mesma aldeia do Mouton. O solo é o mesmo, a vindima é feita na mesma época,

a poda é a mesma e o esmagamento das uvas se faz na mesma ocasião, o mosto resultante vai para barris absolutamente idênticos.

Ambos os vinhos são engarrafados ao mesmo tempo.

Pode-se afirmar que os vinhos são iguais, apenas com uma pequeníssima diferença geográfica.

Rothschild, então, com a discrição que sempre foi a sua marca, puxa o sommelier pelo braço e murmura-lhe ao ouvido:

- Quando voltar para casa esta noite peça à sua namorada para se despir completamente.

Escolha dois orifícios do corpo dela muito próximos um do outro e faça um teste de olfato.

Você perceberá a sutil diferença que pode haver numa pequeníssima diferença geográfica.

Publicado no Papeladas.

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